Tex, 60 anos de amoções e aventuras!

22 de ago. de 2009


O "mocinho" Tex completa 60 anos
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Em 30 de setembro de 1948, na Itália, foi publicada a primeira aventura do mais famoso Cowboy das histórias em quadrinhos, Tex Willer. Chamava-se Totem misterioso, com roteiro assinado por Giovanni Luigi Bonelli, o decano dos roteiristas italianos, e com desenhos de Aurelio Gallepini, o primeiro de uma extensa lista de profissionais a desenhar e participar na criação da revista. Juntos, Bonelli e Gallepini construíram um dos maiores mitos já criados pelos veículos de comunicação de massa.A estrela de Tex correu o mundo, ultrapassando fronteiras italianas: as edições internacionais se multiplicam a cada ano e até mesmo o cinema já apresentou uma versão das aventuras desse grande herói do Velho Oeste.
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A evolução de um mito
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Tex nasceu num momento difícil para seu pais de origem. Era pós-guerra e a Itália tentava se reorganizar. Quase tudo ia mal, exceto a produção em quadrinhos, que naquela época, começava a crescer. Durante a Segunda Guerra Mundial, Mussolini, inesperadamente riscou do mapa os quadrinhos americanos (com exceção de Mickey), a ponto de os desenhistas locais serem convocados para terminar as pressas as aventuras já iniciadas de Flash Gordon. Mandrake, dentre outros.Se por um lado, isso deu margem a edições epócrifas desses personagens, por outro lado serviu para estimular a produção nacional e propiciar o surgimento de novos talentos. Muitos profissionais se formaram e se aperfeiçoaram nesse período.
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Folhetim- A fórmula do sucesso
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A produção italiana do pós-guerra se diferenciava da internacional porque incorporou um gênero literário muito popular na época, o folhetim. Finalizando a história em seu momento mais emocionante e deixando um gancho para o capítulo da semana seguinte (tal como os famosos seriados do cinema ou as atuais novelas televisivas), os folhetins encantaram uma geração e alcançaram na Itália a sua expressão máxima, favorecendo o surgimento de grandes impérios editorias especializados nesse tipo de literatura.Era natural que a fórmula mágica, restrita aos romances lacrimogêneos intermináveis, tivesse o seu similar nos quadrinhos.O editor e roteirista G.L. Bonelli, que já havia dirigido várias publicações e elaborado uma série de roteiros para diversas revistas, foi praticamente o lançador de um gênero que teve dezenas de imitações, muitas delas saídas de sua própria pena. Com publicação de Tex, em setembro de 1948, o título deu um grande impulso ao já existente estilo editorial das revistas em forma de tiras.Pequenas, em formato horizontal e tiragem semanal, 32 páginas com cerca de três quadros cada uma, elas logo se tornaram um must na Itália, não só por causa do preço acessível, mas também pelo seu conteúdo. Os longos episódios se sucediam, atraindo a atenção do leitor, sempre ávido pelo desfecho de cada história. Primeiramente com o Pequeno Xerife, também publicado no Brasil, de vital importância no universo das tiras, Tex surgiu ao lado de dezenas de outros personagens.Tex em formato de tiras durou quase vinte anos. Do primeiro número, em 1948, até o último em 1967, foram trinta e seis séries, que correspondiam a um número ainda maior de aventuras. Essas histórias foram compiladas e reeditadas em outros formatos, juntando vários episódios numa só edição, até chegar à estrutura atual- 112 páginas, com três tiras cada uma. Quando as histórias em tiras se esgotaram, Bonelli e sua equipe foram produzindo outras inéditas e dando prosseguimento à série.
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Os companheiros de cavalgadas
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Com o balão "Por todos os diabos, será que ainda estão nas minhas costas?", começava a carreira do mais famoso herói do faroeste, na aventura "Totem misterioso" , que durou exatamente três semanas. A partir daí as histórias passaram a ser mais longas, o personagem foi se afirmando, os coadjuvantes surgindo e o estilo se aperfeiçoando, até chegar ao que é hoje.
No início, Tex cavalgava sozinho, seu cavalo Dinamite, nem sequer tinha nome. Mas, aos poucos, foram surgindo os seus pards , autênticos companheiros de aventura. O primeiro foi o índio Jack Tigre, mais tarde foi a vez de Kit Carson, uma interpretação bem pessoal do lendário batedor norte-americano. Finalmente para completar a equipe, ninguém menos que o próprio filho de Tex, Kit Willer, fruto de sua união com a bela índia Lilyth (Lírio Branco), filha do chefe navajo Flecha Vermelha e seu único amor. Daí a estreita ligação de Tex com os índios, dos quais é um dos mais ardorosos defensores contra o massacre indiscriminado imposto pelos brancos.
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As mil e uma aventuras
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Embora a quase totalidade dos episódios tenha sido concebida e redigida exclusivamente por Bonelli (em 1988 Claudio Nizzi passou a integrar a equipe), Tex teve muitos desenhistas. Afinal, são 110 páginas produzidas a cada mês, atualmente.O primeiro deles foi o co-autor Aurelio Gallepini, ou simplesmente Galep, que naquela época, cuidava praticamente sozinho das 32 tiras semanais. Depois foram surgindo outros: Zamperoni e Jeva (que funcionava,como assistentes, revezandose com Galep no lápis ou na arte final), Gamba, Muzzi, Letteri, Ticci, Nicolò, Fusco, Blasco e outros, até chegar ao revolucionário Guido Buzzeli.Mas Tex conta com uma gama tão variada de desenhistas, por vezes com estilos tão distintos, os roteiros de Bonelli seguem uniformidade ímpar em essas cinco décadas. Idealizando as cenas como um diretor de cinema, e esquematizando-as quadro a quadro, Bonelli é o grande responsável pela unidade visual que marca as mais de trinta mil páginas escritas por ele. O resto fica por conta do seu enorme talento.
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A fase mística
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Da sua primeira tira até hoje, Tex sofreu várias transformações. Não só roteiros foram se aperfeiçoando, como os próprios traços de Galep se tornaram mais firmes e precisos. G.L. Bonelli, que nas primeiras histórias optou pelo faroeste clássico, foi aos poucos incrementando as aventuras com uma série de personagens, no mínimo exóticos. Até a feitiçaria chegou a fazer parte desses roteiros. Quem não se lembra de Mefisto, um dos maiores inimigos de Tex? Mesmo depois de morto, o bruxo continuou causando problemas para Tex Willer e seus pards através de seu filho Yama, o herdeiro, que se mostrou ainda pior do que o próprio pai.Ainda nessa linha, Tex tem pelo menos um aliado o "Bruxo Mouro" (nas edições mais atuais, chamado de El Morisco), que com ele se envolve em encrencas do outro mundo, temperadas com ingredientes de pura ficção científica. Tudo isso poderia soar estranho e inverossímil, se não fosse Bonelli um mestre na criação de roteiros com temática centrada em bruxaria e no sobrenatural chegam a ser melhores do que o legítimo bangue-bangue. A opinião dos leitores também é diversificada. Em todas as suas fazes, entretanto, o que prevalece é o grande senso de justiça de Tex, sua rigidez de caráter que o acompanha desde a primeira cavalgada, quando ainda era (injustamente) um dos fora-da-lei mais perseguidos do Oeste.São estes elementos que dão o tom às aventuras de Tex, ele sabe ser durão quando necessário, não perdoa os facínoras; mas, por outro lado é o mais humano dos cowboys, um autêntico e nobre "mocinho" do Velho Oeste.

Comments

One response to “Tex, 60 anos de amoções e aventuras!”
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ManoGalo disse...

Tomara que Manitu mande boas energias para que essa revista complete mais 60 anos de publicações!

23 de agosto de 2009 às 16:57